in loco A
premiação de Berlim 2007 por Leonardo
Mecchi No fim das contas, o Urso de Ouro foi
para Tuya's Marriage, filme
que retrata de maneira quase antropológica uma cultura em extinção – a dos nômades
da Mongólia. Já o Urso de Prata de Melhor Direção foi para Joseph Cedar, pelo seu drama de
guerra Beaufort. Assim, como já é habito, o Festival de Berlim priorizou
em suas duas principais categorias este ano obras de forte teor político. Curiosamente,
a premiação de Tuya's Marriage acabou sendo também um
tiro pela culatra em termos políticos, já que o outro filme chinês em competição,
Lost in Beijing – envolto em polêmica por não ter tido sua
exibição autorizada pelo governo chinês – acabou saindo de mãos abanando. Em minha
humilde opinião, qualquer que seja o critério utilizado para sua avaliação, Lost
in Beijing é um filme bem superior, não apenas a Tuya's Marriage
como a grande maioria dos filmes em competição. Já
Cedar, que subiu ao palco para receber seu premio usando um kipá, foi incisivo
em seu discurso de agradecimento, desejando que com seu filme (que retrata a retirada
de Israel de Beaufort, uma fortaleza ocupada durante a guerra contra o Líbano)
os lideres do mundo aprendam a temer a guerra e, principalmente, a saber quando
terminá-las. O prêmio mais disputado da noite era o de Melhor Atriz, com quatro nomes fortes
na corrida: Marion Cotillard (por La Mome - La Vie en Rose), Marianne Faithfull
(por Irina Palm), Yu Nan (por Tuya's Marriage) e Nina Hoss (por
Yella).
Acabou prevalecendo a prata da casa, e a alemã Nina Hoss levou o premio numa decisão
que, se divide opiniões (como qualquer outra dividiria), faz justiça à bela atuação
de Hoss que sustenta o filme. A América Latina levou dois
prêmios, ambos para o argentino El Otro, de Ariel Rotter (Grande
Prêmio do Júri e Melhor
Ator, para Julio Chavez), filme que tentei, tentei, mas não consegui
ver. O Urso de Prata para Contribuição
Artística ficou para o elenco de O Bom Pastor, de Robert
de Niro, que conta com um rol de estrelas como Matt Damon, Angelina Jolie, Alec
Baldwin, William Hurt, Timothy Hutton, Joe Pesci e o proprio De Niro. E o Prêmio
Alfred Bauer, entregue ao filme considerado o mais inovador do
festival, foi para o novo filme de Park Chan-wook, I'm a Cyborg, But That's
Ok. Por fim, o prêmio para Melhor
Música foi para o britânico Hallam Foe, de David Mackenzie,
e o prêmio para Melhor Longa de Estréia, foi para o
indiano Vanaja – que concorria na seção "Generation 14plus",
de filmes para crianças e adolescentes.
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