bloco de festival
Dicas da programação do Festival
do Rio Última
chance do Festival - Repescagem (10 a 16/10) por
Eduardo Valente Todos os filmes de maior
interesse já foram comentados, tudo que havia a ser dito, foi dito. Então,
vamos a uma listagem simples dividindo os filmes em três grupos.
Sessões
imperdíveis Na Cidade
de Sylvia: sexta, 10/10, 20h00, sala 1 A
Mulher Sem Cabeça: sexta, 10/10, 22h00, sala 1 Sonata
de Tóquio: sábado, 11/10, 13h15, sala 1 Versalhes:
sábado, 11/10, 19h45, sala 1 O
Lar: domingo, 12/10, 13h15, sala 1 Velha Juventude: domingo,
12/10, 17h30, sala 1 Sobre o
Tempo e a Cidade: segunda, 13/10, 18h00, sala 1 Quatro
Noites com Anna: terça, 14/10, 22h00, sala 1
Sessões
de interesse As Águas de Katrina: sábado, 11/10,
17h40, sala 3 Rebobine, Por Favor: sábado, 11/10, 22h00, sala
1 Fomos à Terra de Sonhos:
domingo, 12/10, 19h45, sala 3 REC: domingo, 12/10, 21h45, sala 3 Wonderful
Town: segunda, 13/10, 16h00, sala 1 Intimidades
de Shakespeare e Victor Hugo: quarta, 15/10, 16h00, sala 1 E Buda
Desabou de Vergonha: quarta, 15/10, 20h00, sala 1 Minha Mágica:
quinta, 16/10, 19h45, sala 3
Curiosidades
- também perdemos no Festival e vamos conferir A Boa Vida:
sexta, 10/10, 18h00, sala 1 Easy Virtue: sábado, 11/10, 15h30,
sala 1 A Onda: domingo, 12/10, 20h00, sala 1 M - Vidas Duplas:
segunda, 13/10, 22h00, sala 1 O Banquete: terça, 14/10, 17h30,
sala 1
Últimos
dias: 08 e 09/10 por Eduardo Valente
Quarta, 08/10 Curiosamente, todas as últimas estréias
de nota do Festival vêm em pares. Na sala 1 do Espaço de Cinema,
são dois filmes japoneses, de cineastas com carreiras longas e pouco exibidas
no Brasil, ainda que formadas por alguns filmes impressionantes: Sad Vacation,
de Shinji Ayoama (16h15 e 21h15, curiosamente únicas exibições
no Festival); e Sonata de Tóquio, de Kyoshi Kurosawa (18h50), que
teve sua primeira exibição cancelada por atraso da cópia
e por isso estréia agora por aqui (e que comentamos
na cobertura de Cannes). No Odeon, temos as estréias dos dois últimos
longas brasileiros do Festival: Pachamama, novo filme de Eryk Rocha (17h00);
e Todo Mundo Tem Problemas Sexuais (20h00), simplesmente o segundo filme
de Domingos Oliveira no Festival. Finalmente, neste que promete ser seu penúltimo
dia de vida como o conhecemos, o Palácio 1 escala um clássico (Duas
Mulheres, de Vittorio De Sica, 17h30) e um filme contemporâneo de autores
consagrados (O Silêncio de Lorna, dos irmãos Dardenne, 20h15,
também comentado em Cannes, no mesmo texto acima linkado), ambos em primeira
exibição no Festival.
Afora estas estréias, o destaque
do dia é a programação na Gávea, que exibe um total
de seis filmes que vêm de diferentes seções do Festival de
Cannes. Da competição, passam o forte Waltz With Bashir (sala
2, 16h00 e 22h40) e o frágil Sinédoque,
Nova Iorque (mesma sala, 13h30 e 18h10); da Un Certain Regard, é
exibido o norueguês Involuntário (sala 1, 22h45); da Quinzena
dos Realizadores, Na Guerra (sala 1, 13h00 e 17h40), que também
já comentamos (curiosamente
no mesmo texto de Kurosawa e Dardenne); da Semana da Crítica, o israelense
Os Sete Dias (sala 4, 18h00); e finalmente Cinzas do Passado Redux
(sala 2, 20h40), exibido hors concours na seleção oficial.
Dá para "passear pela Croisette" na Gávea, em suma. Já
em Botafogo, além do destaque das estréias japonesas, vale ficar
atento a Guerra Sem Cortes,
de Brian De Palma (12h00 e 18h00), cujo lançamento está prometido,
mas não vale confiar muito; e para as últimas sessões do
radical Blue, de Derek Jarman, que ficará pequeno e menos imersivo
na tela do Estação 3 (17h00 e 24h15), mas é o que se tem.
Quinta,
09/10 Último dia de Festival, já estaremos com a programação
da repescagem nas mãos e saberemos quais filmes ainda poderemos ver ou
rever. Enquanto isso não acontece, a melhor das opções parece
estar na Gávea, onde apenas duas salas permitem que o espectador-leitor
veja cinco filmes importantes do Festival nesse dia de despedidas: enquanto na
sala 5 passam os belos Sonata de Tóquio (14h00 e 19h) e Quatro
Noites com Anna (16h30 e 21h30), na sala 2 é dia de autores de renome,
com Alexandra, de Sokurov (13h50 e 18h20); Happy-Go-Lucky,
de Mike Leigh (16h00 e 22h30); e Guerra
Sem Cortes, de Brian De Palma (20h20). Fazendo a programação
direitinho, dá para ver todos. No resto da programação, pode-se
optar por diferentes tipos de despedidas: um "até já"
para filmes que estréiam em breve (Queime Depois de Ler, dos irmãos
Coen, passa no Espaço 1, 12h15 e 24h); um "até logo" para
filmes que estréiam, mas ainda não tem previsão exata (O
Silêncio de Lorna, dos Dardenne, no Ipanema, 17h30 e 22h00); e um "sabe-se
lá até quando" para filmes sem qualquer previsão, entre
eles obras de cineastas consagrados como Kitano (Glória ao Cineasta,
Espaço 3, 15h15 e 23h45) ou Coppola (Velha Juventude, Espaço
1, 17h00 e 21h30) ou descobertas recentes como Ursula Meier (O
Lar, Estação 3, 12h15 e 19h00). Mas, como acontece quase
todo ano, há também aquela sessão especial com cara de final
de Festival: por isso lá estaremos, às 24h, no Estação
1, vibrando com O Fantasma da Ópera, de Dario Argento. Os conhecedores
do trabalho do cineasta podem até discutir se é ou não um
filme menor dentro de sua obra, mas independente da conclusão, é
uma despedida e tanto de uma festa de cinema.
Segunda
e Terça, 06 e 07/10 por Eduardo Valente
Segunda, 06/10 Para o leitor que gosta de ir a um cinema
e montar sua programação do dia por lá, a melhor pedida da
segunda é mesmo o Estação Ipanema, que embora este ano só
esteja com uma sala no Festival e apenas na segunda semana, tem um dia de gala
com a Palma de Ouro dos Taviani (Pai Patrão, 13h) sendo seguida
de dois fortíssimos filmes de Cannes deste ano: Quatro Noites com Anna
(15h15, 19h45) e Leonera (17h30
e 22h). Sobrando um tempo, vale a esticada até a Gávea, para ver
o Rohmer inspirado de Les amours d'Astrée et Celadon (16h30 e 21h30),
além de ser surpreendido pelo peculiar Intimidades de Shakespeare e
Victor Hugo (13h20 e 17h30). Enquanto isso, entram no Festival em Botafogo
dois filmes que também passaram por Cannes 2008 com algum barulho: destes,
Waltz with Bashir (Estação 1, 14h30 e 20h45) até tem
estréia confirmada no circuito depois, mas Na Guerra, de Bertrand
Bonello (Espaço 3, 14h45 e 23h45), só deve passar mesmo no Festival.
Finalmente, no Centro da cidade os destaques ocupam o mesm horário: enquanto
no Odeon estréia o último filme da competição de ficção
(Verônica, de Maurício Farias, 22h30), passa no Palácio
o último longa de Derek Jarman, Blue (sala 2, 22h00), uma experiência
absolutamente única. Mais cedo, vale atenção para o documentário
Estrada Real da Cachaça (Odeon, 11h15) e a ficção
Praça Saens Peña (15h15), que ladeiam o longa ficcional de
estudante que entrou na competição da Première Brasil, Apenas
o Fim (13h15).
Terça, 07/10 Festival apontando
a reta final, não há como não saudar como destaques alguns
filmes que vão se despedindo, talvez das telas brasileiras, no mínimo
das cariocas (já que alguns seguem para São Paulo, outros para Belo
Horizonte), por algum tempo. É o caso na Gávea nesta terça
do coreano Noite e Dia, tocante
filme do grande Hong Sang-soo (sala 5, 16h10 e 21h30) e do argentino Ninho
Vazio, de Daniel Burman (sala 2, 15h50 e 22h20), que não destacamos
na sua primeira exibição porque a cópia chegou em cima da
hora. Para complementar o cardápio na mesma Gávea entre os dois
filmes, opções boas, que nem precisam de muito mais apresentação:
Leonera (sala 1, 15h30 e 19h50),
Guerra Sem Cortes (sala 1, 22h00)
ou os brasileiros Estrada Real da Cachaça (sala 3, 13h30 e 20h00);
Apenas o Fim (15h40 e 22h10) e Praça Saens Peña (17h50).
Também é dia de despedida de gala na Barra, onde termina a passagem
no Festival Les amours d'Astrée et Celadon (sala 1, 20h00). Também
lá, boas opções no entorno, como Happy-Go-Lucky
(13h45) e Waltz with Bashir (sala 1, 18h00).
No entanto, mesmo faltando
apenas 3 dias para terminar a programação oficial do Festival, ainda
assim tem filmes estreando no programa, pedindo atenção. Entre os
brasileiros, é o caso da estréia da grande atriz Helena Ignez na
direçao de longas, com Canção de Baal (Palácio
2, 14h00 e 18h00) e do novo filme de Guel Arraes (este entra logo em cartaz),
Romance (Palácio 1, 20h15). Duas estréias também no
Espaço 2, sendo uma delas involuntária, já que o novo filme
de Takeshi Kitano, Aquiles e a Tartaruga, teve as primeiras apresentações
canceladas, mas promete estar com a cópia a postos nesta terça (17h00
e 21h30). A outra, também do Japão, estava programada: Sukyiaki
Western Django, do maluco beleza Takeshi Miike (12h30 e 24h00). Finalmente,
o Estação 1 vê a tardia primeira exibição no
Brasil do último longa do russo Alexander Sokurov, Alexandra (16h00
e 22h00), que passou no Festival de Cannes de 2007. Quem quiser ficar por Botafogo,
pode aproveitar e completar o programa com dois filmes mais antigos, o estupendo
e retrabalhado Cinzas do Passado Redux, de Wong Kar-wai (Estação
1, 12h00 e 18h00) e o que muitos consideram o grande filme de Derek Jarman, Caravaggio
(Estação 3, 16h45 e 23h30).
Segundo
final de semana por Eduardo Valente
Sexta, 03/10 Nos últimos dias programar-se para o
Festival ficou um pouco mais tenso, na medida em que alguns filmes não
chegaram e só têm tido suas sessões desmarcadas em cima da
hora, às vezes no próprio dia. Convém sempre, então,
que o leitor use o telefone nestes dias e ligue para suas salas de escolha para
checar duas vezes programas que ainda não estivessem liberados até
a quinta (entre os que não serão exibidos nesta sexta, conforme
antes programados, incluem-se Fome, Deserto Adentro e Ponyo on
the Cliff).
No entanto, a boa notícia é que aos 48 do
segundo tempo duas das principais estréias de sexta foram confirmadas:
no Espaço 1, às 19h00, com Noite e Dia o leitor terá
a chance de conhecer o cinema do coreano Hong Sang-soo, ainda muito pouco exibido
no Brasil mesmo em festivais. Já Francis Ford Coppola definitivamente dispensa
apresentação, e o seu Velha Juventude começa a passar
no Festival pelo Barra Point (sala 2, 18h30). Aliás, o dia na Barra pode
ser bem interessante porque o leitor pode começar às 16h00 vendo
o Cinzas do Passado Redux, de Wong Kar-wai (versão nova de um fantástico
filme de 1994), passar pelo filme de Coppola e terminar com a última exibição
no Festival do tocante Sobre o
Tempo e a Cidade (20h45). Já na Gávea, uma boa sessão
dupla para discussão posterior sobre as relações do cinema
com os personagens é a que une o filme de estréia de Selton Mello
em suas últimas exibições (Feliz
Natal, sala 3, 15h40 e 22h10) e o segundo filme do mexicano Amat Escalante,
Os Bastardos (sala 4, 13h40 e 20h10) - este filme, devo dizer, me parece
asqueroso, mas acho que o leitor deve fazer seu próprio juízo. Certamente,
porém, não faltará assunto depois.
Finalmente, vale
dizer que entre as retrospectivas e o cinema brasileiro, o centro da cidade oferece
opções intigantes também nesta sexta. Se os Taviani deixam
o Palácio para a Julieta dos Espíritos, de Federico Fellini
(sala 1, 17h15), eles estarão firmes na sala 1 da Caixa Cultural (uma sala
com boa projeção e geralmente mais tranquila), com dois filmes bem
interessantes: Allosanfan (17h00) e A Noite de São Lourenço
(19h15). Já o Palácio 2 oferece a chance de ver um dos mais celebrados
filmes de Derek Jarman, Caravaggio (22h15). Na Première Brasil,
noite de duas estréias de documentários que prometem: Lírio
Ferreira (de O Baile Perfumado e Cartola, entre outros) vem com
o seu O Homem que Engarrafava Nuvens, às 20h00 no Palácio
1, enquanto Leandro HBL manda ver no funk com seu Favela on Blast (Odeon,
22h30).
Sábado, 04/10 Sábado
de luxo por todo o Festival. A Gávea, por exemplo, vai "bombar"
com os novos de Woody Allen (Vicky Cristina Barcelona, sala 2, 16h00 e
22h30) e Coppola (Velha Juventude, sala 5, 14h00 e 19h00); enquanto Ipanema
entra com tudo no Festival, passando Teorema, de Pasolini (13h00) e o surpreendentemente
vibrante novo filme de Mike Leigh (Happy
Go-Lucky, 17h30 e 22h00). Já o leitor que for a Botafogo terá
um raro dia de filmes bons em quase todas as salas e horários. Na sala
1 do Espaço de Cinema, por exemplo, terá a primeira chance de ver
o Rohmer de Les amours d'Astrée e Celadon (14h15 e 19h00), além
dos muito aguardados (mas com estréia marcada para breve, vale notar) Segurando
as Pontas, de David Gordon Green com produção de Judd Apatow
(12h00 e 23h45) e Procedimento Operacional Padrão, de Erroll Morris
(16h30 e 21h15). Na sala 2, mais dois filmes concorridos: o fantástico
A Mulher Sem Cabeça,
de Lucrecia Martel (17h00 e 21h30) e o horror espanhol REC (12h30 e 23h30),
que já fez bastante sucesso via web. Já quem gosta de se arriscar
mais e eventualmente ter o prazer das descobertas também terá opções
instigantes nas salas do bairro. Só no Espaço, são três:
enquanto do Un Certain Regard de Cannes chegam o francês Versalhes
(sala 2, 14h30 e 19h15) e o inglês Soi Cowboy
(sala 3, 17h30 e 24h00), o argentino Intimidades de Shakespeare e Victor Hugo
(sala 3, 13h45 e 22h15) venceu o último BAFICI (Festival de Buenos Aires).
Finalmente, o Estação 1 passa o sutil e marcante Homem Andando
na Neve (14h00 e 20h00), dentro da pequena retrospectiva do japonês
Masahiro Kobayashi.
Para encerrar, não podemos deixar de dar destaques
para três favoritos pessoais: no Palácio 1, a sessão dupla
brasileira começa às 18h00 com a exibição única
no Festival de Crítico, do nosso colaborador e compadre Kleber Mendonça
Filho (e, numa nota realmente pessoal, filme em que este que aqui escreve aparecerá
na tela do Palácio - algo de que se orgulhar na última semana de
funcionamento do cinema). Em seguida, o prolífico José Eduardo Belmonte,
cujo filme lançado em 2007 (Meu Mundo em Perigo) no Festival de
Brasília ainda nem chegou a passar no Rio, já vem mostrar seu novo
longa, Se Nada Mais Der Certo (20h00)- certamente a mais aguardada entre
as estréias da competição de ficção do festival.
No Odeon, primeira exibição do grande La
Leonera (19h45), que no entanto entra em cartaz logo e talvez valha deixar
para ver em dia menos concorrido (de filmes e de convidados VIP no cinema).
Domingo,
05/10 Dia de eleições no Rio de Janeiro quase sempre
significa a necessidade de se embebedar para esquecer depois - nem que seja de
filmes. O grande destaque do dia, porém (a estréia de Aquiles
e a Tartaruga, de Takeshi Kitano, na sala 5 da Gávea, 14h00 e 19h00),
ainda estava sub judice até esta programação ser escrita.
Vale ficar esperto(a), portanto, para ver se a viagem à Gávea não
será à toa. Mais seguro, então, ficar em Botafogo e aproveitar
algumas apetitosas possibilidades em "tom menor", que são os
recém-exibidos em Cannes Minha Mágica (Estação
1, 16h00 e 22h00) e Quatro Noites com Anna (Espaço 1, 12h00 e 23h45).
Fechando a noite ou ladeando um almoço de domingo, é uma dobradinha
especial. Em torno deles até há outros filmes na região que
despertam curiosidade como complemento de sessão, como é o caso
do Julia, de Erick Zoncka, com grande atuação de Tilda Swinton
segundo consta (Espaço 1, 16h00 e 21h00); do americano Ballast (Espaço
3, 13h30 e 22h00) e do inglês This is England, bastante hypado por
alguns e não muito apreciado por outros (Estação 1, 14h00
e 20h00). Todos são programas que inspiram curiosidade, o que é
o oposto exato do austríaco Import Export, a ser evitado a todo
custo (e por isso nem menciono sala ou horário). E a quem pensar "ah,
que legal, só por causar tanta oposição eu quero saber como
é" eu só posso dizer: "só lamento".
Para
"variar", o centro da cidade está convidativo para quem se interessa
pelos caminhos do cinema brasileiro ou por alguns dos melhores filmes das retrospectivas
do Festival. No Odeon, dia de verde e amarelo: além da sessão popular
do esperado Se Nada Mais Der Certo (13h30), destaque para três interessantes
estréias cariocas - o documentário Estrada Real da Cachaça
(18h00), fresquinho de exibição em Locarno; a ficção
Apenas o Fim (20h15), curiosa inserção na competição
de um filme realizado por estudantes da PUC-RJ; e finalmente o delicioso Praça
Saens Peña (22h30), que visita um dos bairros menos filmados do Rio
(a Tijuca, como o título deixa bem claro) com tintas de uma ficção
familiar delicada. Já na Caixa, dia de dois dos melhores filmes da que
talvez seja a melhor década (80) da carreira dos Taviani: Bom Dia, Babilônia
(17h00) e Kaos (19h15) somam quase cinco horas de cinema italiano de primeira.
Terça
a Quinta, 30/09 a 02/10 por Eduardo Valente
Antes de mais nada, queria agradecer muito gentilmente à leitora que
me procurou no Festival para pedir que não publicasse estas dicas só
de véspera, porque ela queria muito usá-las como base para algumas
decisões mas, por estar com o passaporte e precisar tirar os ingressos
com antecedência, não podia usá-las se saíssem na hora.
É o tipo do feedback que nos ajuda tanto quanto ajuda vocês
- e é sempre bom saber que tem alguém por aí do outro lado.
Começo abaixo então a falar dos próximos três dias.
Terça, 30/09 Exibições nos cinemas
brasileiros de filmes do taiwanês Hou Hsiao-hsien, um dos nomes capitais
do cinema contemporâneo, ainda são raras. Por isso, destaque absoluto
na terça para a estréia no Festival de A
Viagem do Balão Vermelho (Espaço 1, 16h30 e 20h45), que,
com Three Times e Millenium Mambo em exibição na mostra
que acontece no CCBB no momento, dá uma trinca de chances deste raro evento,
a não se perder. Difícil competir em relevância com um acontecimento
deste, mas o começo do dia no Odeon, para quem por acaso não pôde
ver os filmes na segunda, também é especial, com a trinca de Paula
Gaitán (Vida, 11h00); Domingos Oliveira (Juventude, 13h30)
e Bressane (A Erva do Rato, 15h30). Ouvi as melhores coisas deste programa
e estarei lá para conferir. Para além disso, chama a atenção
as quatro chances de conferir os cinema dos Taviani: A Noite de São
Lourenço (Palácio 1, 18h00); Allosanfan (Espaço
3, 16h15); Os Fora da Lei do Matrimônio (Caixa 1, 17h00) e I Sovversivi
(Caixa 1, 19h00).
Quarta, 01/10 Talvez a grande estréia
da quarta seja na Barra, com as primeiras sessões programadas do belo Sonata
de Tóquio, de Kyoshi Kurosawa (Barra Point 1, 16h00 e 22h00), no entanto
como até segunda o filme ainda não tinha sido liberado (o que significa
que sua cópia não chegou) e o resto da programação
por lá está fraca, talvez seja melhor o leitor se proteger de uma
possível roubada. Na Gávea, por exemplo, o dia é cheio: tem
a estréia do forte A Mulher
sem Cabeça, de Lucrecia Martel (sala 4, 13h40 e 20h30), podendo
ser combinada com outras duas estréias exibidas em Cannes:, a de O Lar
(sala 2, 20h10), com atuações dos sempre marcantes Isabelle Huppert
e Olivier Gourmet; ou a de Versalhes (sala 4, 15h50 e 22h20), exibido na
Un Certain Regard. Ou ainda, se não viu em dias anteriores, tem mais exibições
de A Viagem do Balão Vermelho
(sala 5, 14h00 e 19h00) e as despedidas de Juventude, de Domingos Oliveira
(sala 3, 13h30 e 20h20) e A Erva do Rato, de Julio Bressane (sala 3, 15h40
e 22h10). Em Botafogo, o dia é menos interessante, e os dois destaques
são do pequeno Espaço de Cinema 3: o forte documentário de
Jia Zhang-ke, Inútil (12h15
e 20h00) e o clássico italiano Pão, Amor e Fantasia, de Luigi
Comencini (16h00). Aliás, clássicos italianos não faltam
no dia, e dominam o Centro da cidade, com Pai Patrão, dos Taviani
passando no grande Palácio 1 (17h30) e Ciúme à Italiana,
de Ettore Scola, na Caixa Cultural (sala 1, 17h00).
Quinta, 02/10 Quinta
é dia de gala para o espectador que gosta de reencontrar velhos amigos,
e pode escolher entre o desde já hiper lotado Woody Allen no Estação
1 (Vicky Cristina Barcelona passa às 14h00 e 19h00) ou o pouco menos
badalado Mike Leigh (Happy Go-Lucky estréia no Palácio 1,
21h00). Mas talvez o cinéfilo mais aplicado
queira tirar duas dúvidas: se o veterano excêntrico inglês
Nicholas Roeg continua nos surpreendendo com interesse (Puffball passa
às 14h30 e 19h00 no Espaço 2); e como é a estréia
na direção de Selton Mello (Feliz Natal passa em primeira
sessão aberta no Odeon, 13h15). Para além disso, destaque de novo
para as retrospectivas: dos irmãos Taviani, nas mesma hora passam dois
de seus melhores filmes (Kaos, no Palácio 1, 17h30; Um Grito
de Revolta, na Caixa Cultural 1, 17h00) e de Derek Jarman podem ser vistos
os raros Sebastiane (Estação 3, 16h45 e 23h30), seu primeiro
longa; e Angelic Conversation (Palácio 2, 22h00). Finalmente, no
Barra Point, dia quente de sentimentos opostos: dizer adeus a A
Viagem do Balão Vermelho (sala 1, 22h15), torcendo para ser apenas
um até logo (afinal, o filme tem distribuidora no Brasil, mas ainda nenhuma
garantia de que realmente será lançado); e dizer bem vindo a Guerra
Sem Cortes, de Brian DePalma (sala 2, 14h00 e 22h00), outro comprado mas
possivelmente a não ser lançado tão cedo.
Segunda,
29/09 por Eduardo Valente
Mal terminou o primeiro final de semana do Festival, e já é
hora de algumas despedidas tristes. Segunda é a última chance, por
exemplo, do leitor ir conhecer o português Aquele
Querido Mês de Agosto (sala 5, 16h30 e 24h00), que tem encantado
espectadores, como não poderia ser diferente. É ainda o dia de despedida
de dois belos filmes, que passam no Barra Point: o francês O
Último Reduto (sala 1, 14h00) e o franco-espanhol Na
Cidade de Sylvia (sala 2, 14h15 e 20h15). Junto com o filme de Philippe
Garrel, estes dois asseguraram que o cinema francês tivesse sido o maior
destaque do Festival neste primeiro final de semana.
Já em termos
de estréias, destaque total para o cinema brasileiro: além da primeiríssima
exibição no Brasil de A Erva do Rato, de Julio Bressane (Palácio
1, 20h00), temos ainda a estréia carioca do primeiro filme de Domingos
Oliveira entre os dois dele que passam no Festival (Juventude, Odeon, 22h30);
a première da homenagem de Paula Giatán à enorme atriz
Maria Gladys (Vida, Odeon, 17h00); e a exibição em sessão
popular de A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele (Odeon, 12h50).
Um dia cheio. Já no campo internacional, as estréias do Festival
nesta segunda são discretas, mas promissoras, e todas em Botafogo: o francês
O Homem que Anda (Estação 1, 12h00 e 18h00) teve algumas
belas defesas na crítica local; o franco-palestino O Sal Desse Mar
(Estação 3, 12h15 e 19h15) vem de exibição na mostra
Un Certain Regard, em Cannes (e sua diretora, que estréia em longas, tem
pelo menos um belíssimo curta no currículo); e, finalmente, o documentário
americano As Águas de Katrina (Estação 3, 17h) exibe
algumas imagens poderosas do desastre de 2005 em Nova Orleans.
Primeiro
final de semana por Eduardo Valente
Sexta, 26/09 Uma das novidades do Festival do Rio deste ano
é o uso de cinco salas do Estação Vivo Gávea, o que
pode permitir ao espectador que queira ver vários filmes num dia, ficar
num mesmo complexo, trocando de salas. Se o plus é este acesso a mais filmes
sem perder tempo com deslocamento, os problemas são o ambiente "brega-chique"
(não só do cinema, mas do shopping como um todo), que pode se tornar
um pouco opressor, e o fato de que as salas, quase todas de tamanho pequeno, devem
lotar bastante. Por outro lado, no primeiro dia do Festival, o espectador já
pode ter um dia de rei, vendo Aquele
Querido Mês de Agosto (sala 5, 13h20 e 19h00), um dos nossos destaques
do Festival; Na Cidade de Sylvia
(sala 2, 16h00 e 22h30), um dos mais elogiados filmes da Mostra de SP do ano passado;
e A Fronteira da Alvorada (sala 1, 15h40 e 19h50), o belo filme de Philippe
Garrel que vimos em Cannes este
ano. Se achar pouco, ainda dá para encaixar o novo de Amos Gitai, Mais
Tarde Você Compreenderá (sala 1, 22h). Como opções
no mesmo lugar, há ainda Sol Secreto, melhor atriz em Cannes 2007
(sala 5, 16h10 e 21h50); a aposta em O Homem que Anda (sala 2, 20h20) e
o superestimado (mas sempre vale o espectador fazer sua cabeça)
Delta (sala 2, 13h50 e 18h10).
Para quem preferir ficar longe
da Gávea, o Festival está bem menos apetitoso neste primeiro dia,
e as sessões lotada-hype do dia certamente serão as de Gomorra
no Espaço de Cinema 2 (16h e 20h45). Nós não recomendamos,
porém, e em termos de cinema italiano talvez o melhor mesmo seja voltar-se
ao passado com os irmãos Taviani (Os Fora da Lei do Matrimônio,
Espaço de Cinema 3, 15h45). Outras pedidas minimamente interessantes são
o argentino O Sangue que Brota (Estação Botafogo 1, 17h e
22h) e o francês O Último Reduto (Espaço de Cinema
3, 12 e 20h), ambos exibidos no último Festival de Cannes com boas recepções.
Ou então manter-se em dia com os temas do momento sobre a realidade norte-americana
no Estação 3, com a mostra Dox que exibe Confidencial (17h15
e 24h) e As Águas de Katrina (12h e 19h).
Finalmente,
o espectador pode jogar às favas as descobertas e riscos, e optar por ir
para a Barra curtir a primeira exibição brasileira de Segurando
as Pontas (Cinemark Downtown, 16h30 e 21h30), comédia produzida por
Judd Apatow (Virgem de 40 Anos, Superbad) e dirigida por David Gordon
Green. Entra em cartaz daqui a pouco, mas promete!
Sábado,
27/09 Claro que a grande sessão do dia está no Palácio,
com a exibição às 18h da versão restaurada de O
Poderoso Chefão. É uma ótima maneira de começar
a se despedir da sala, que fecha logo depois do Festival (e quem gostar mesmo
de sessões lotadas e hypadas, na sequência ainda rola a estréia
nacional do novo Charlie Kaufman, Sinédoque,
Nova York, às 21h30). Mas talvez não fosse mau negócio
o espectador se deslocar até o Barra Point, porque dá para ficar
o dia inteiro por lá vendo filmes contemporâneos de interesse, com
a vantagem de bem menos filas e brigas por lugar. Dá para começar
com o Gitai de Mais Tarde Você Compreenderá (sala 1, 14h),
emendar com o polonês Traquinagens, exibido em Veneza e recém-indicado
para representar o país no Oscar (sala 2, 15h45), seguir de Gomorra
e Delta (17h45 e 20h15) para discutir a (in)justiça
dos seus prêmios em Cannes, e terminar com o sublime Aquele
Querido Mês de Agosto, e voltar para casa flutuando.
Na Gávea,
o dia é menor rico que o primeiro, mas o espectador pode descobrir algumas
pérolas escondidas da programação, como Sobre
o Tempo e a Cidade (sala 1, 16h e 20h20) e O Homem que Anda (sala
1, 22h), ou ir nos destaques de Cannes com Um Conto
de Natal (sala 5, 14 e 19h) e Liverpool
(sala 5, 16h50 e 21h50), embora eu particularmente não recomende essa sessão
dupla. Em Botafogo, destaque disparado para mais uma exibição do
filme de Philippe Garrel, Fronteira da Alvorada (Espaço 1, 16h45
e 21h45), além da pequena delícia que é Vocês, Os
Vivos, de Roy Andersson (Espaço 3, 12h15 e 20h).
Domingo,
28/09 Para quem está pouco se importando com o cinema europeu
e asiático, talvez o dia seja mesmo fora do circuito tradicional do Festival,
pois temos as primeiras exibições brasileiras dos novos filmes dos
irmãos Coen (Queime Depois de Ler, Roxy 3, 16h30 e 21h30) e do sumido
Jonathan Demme (O Casamento de Rachel, mesmos horários no Leblon
1), ambos bem frescos do último Festival de Veneza. Enquanto isso, no Palácio,
começa a competição de longas brasileiros de ficção,
com A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele (20h00), exibido no
último Festival de Cannes. Mas como esta estará cheia de convidados,
talvez a sessão de gala na Cinelândia que mais valha a pena seja
a do último dos irmãos Taviani (La Masseria delle Allodole,
Odeon, 19h30), com presença do mano Paolo, e certamente bem menos "bombada".
O
domingo é mesmo rico na chance de se atualizar com o cinema italiano, embora
o programa duplo da Gávea (Gomorra,
13h20 e 19h; Sangue Pazzo, 16h10 e 21h40), independente das exibições
em Cannes, resulte bem indigesto. Cannes também dá as cartas dos
programas mais interessantes na Gávea, com o francês O Último
Reduto (sala 4, 18h) se despedindo da Zona Sul neste Festival (passa ainda
na Barra). O mesmo se repete em Botafogo, cheio de atrações da Croisette,
com destaque para o coreano O Bom,
O Mau, o Bizarro (Espaço 2, 12h30 e 23h30) e os inevitáveis
Um Conto de Natal (Espaço
1, 16h30 e 21h15 - se despedindo do Festival) e Liverpool
(Espaço 3, 17h e 21h30), que só passa mais uma vez em Santa Teresa.
No
meio de tantos grandes eventos e filmes de grife, o espectador que optar pelo
Estação Botafogo 1 pode acabar tendo o dia mais tranquilo e igualmente
recompensador, com o belo Na Cidade de
Sylvia (16h00 e 22h00) sendo ladeado por Mais Tarde Você Compreenderá,
de Amos Gitai (12h00 e 18h00) e a singela homenagem a Derek Jarman, de Derek
(14h00 e 20h00). Não contem para ninguém, mas é lá
que eu estarei...
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