in loco - cobertura dos festivais
Boogie (idem), de Radu Muntean (Romênia,
2008) por
Julio Bezerra Só
mais um
Boogie
até que começa bem. O conflito entre o protagonista (Bogdan, Boogie para os amigos)
e sua esposa nos são mostrados de maneira inteligente logo na abertura. Em miúdos,
o cara é um crianção, e sua mulher é como uma mãe. E olha que eles já têm um filho,
e estão prestes a ter outro. O filme garante o interesse neste seu começo pelo
desbravamento deste mundo, mas a banalidade dos procedimentos estéticos e dramáticos
logo contamina tudo. Boogie
se faz na dramaturgia e na estética do plano-sequência, a mesma de 4 meses,
3 semanas e 2 dias. Ou melhor, como no filme de Cristian Mungiu, é a idéia
de naturalismo que domina – no caso de Radu Muntean está mais para aprisionamento
mesmo. Assim, filma-se quase o tempo todo com a câmera na mão para anular o plano-seqüência
em seu observacional, e as cenas nem sempre se fecham, como se fossem fatias da
“vida como ela é”. Aos poucos, essas opções se voltam contra o filme, sublinham
a falta de carisma e química entre os atores, os personagens fracos, as situações
frágeis. Tudo em Boogie parece sempre durar mais do que o necessário. Diferente
de todos os outros romenos que chegaram por aqui, os dramas pessoais dos personagens
de Boogie não se conectam com os fantasmas da própria Romênia. O olhar
predominante é o de testemunha, mas a Romênia não está em quadro. Não se narra
a corrosão seca de alguma coisa, como em 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias; tampouco
se usa o cômico para desconstruir o que quer que seja, como em A Leste de Bucareste;
nem se busca uma intimidade/poesia na aproximação com os personagens, como em
Como Festejei o Fim do Mundo. É apenas um filme banal. Setembro
de 2008 editoria@revistacinetica.com.br
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