Carta do Recife Nos
dias 23 e 24 de julho de 2009, a Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, sediou o
I Encontro Nacional de Programadores de Salas de Cinema Alternativas. Ao
longo deste primeiro encontro, programadores de nove estados brasileiros (Alagoas,
Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe
e São Paulo) discutiram os principais problemas do setor, responsável pela manutenção
da diversidade cinematográfica no País. Após o debate final, chegou-se à definição
do presente documento, no qual estão relacionadas as principais diretrizes que,
a partir de agora, irão nortear a atuação das salas formadoras deste circuito:1-
A criação do Fórum Nacional de Programadores do Circuito Alternativo de Cinema,
que por meio de uma lista de discussão na Internet passará a trocar informações
e a discutir propostas para o setor, além de realizar encontros periódicos. 2-
A organização de um grupo de trabalho que irá identificar e cadastrar todas as
salas de perfil alternativo – muitas delas ainda sem registro na Ancine – existentes
no Brasil, atualizando permanentemente os dados relativos ao setor, com o objetivo
de criar um circuito de exibidores. 3- Estudar, junto aos
órgãos competentes, formas de auxiliar este circuito a realizar as adaptações
tecnológicas necessárias em função da crescente migração para o suporte digital. 4-
Reivindicar o estabelecimento de uma política específica para a área por parte
do Ministério da Cultura e da Ancine. 5- Negociar junto às
distribuidoras o estabelecimento de critérios mais claros para a cobrança do aluguel
de cópias, a fim de evitar as atuais distorções, que estão inviabilizando cada
vez mais a realização de mostras e a manutenção de uma programação qualificada. 6-
Estabelecer um código de conduta que se comprometa a informar sempre à imprensa
e aos espectadores sobre o suporte e a condição das cópias exibidas, bem como
zelar pelo cuidado com as mesmas. 7- Sensibilizar as distribuidoras
que abastecem o circuito alternativo sobre a necessidade de lançar mais cópias
em 35mm, já que os atuais números (uma cópia, em média) são insuficientes para
atender minimamente ao setor. 8- Pleitear junto às distribuidoras
(majors e independentes) o depósito em cinematecas de um número ainda a
ser definido de cópias 35mm após o período de exploração comercial. Isso irá permitir
que a difusão para fins culturais de filmes de arquivo passe a ser uma realidade
no Brasil, a exemplo do que ocorre em outros países, evitando a destruição por
completo de todas as cópias existentes de um filme. 9- Reafirmar
a sua condição de salas de exceção cultural, norteadas, antes de tudo, pelo compromisso
em oferecer ao espectador uma programação diferenciada e com a formação de novos
públicos. 10- No momento em que a maior parte do parque exibidor
brasileiro está ocupada por apenas dois filmes, celebrar um compromisso de cooperação
mútua e resistência, a fim de continuar trabalhando para a manutenção da diversidade
de ofertas cinematográficas no País. Recife, 24 de julho
de 2009. editoria@revistacinetica.com.br
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