Pondo a casa em
ordem – com gás novo
por Eduardo Valente e Fábio Andrade
É voz corrente no Brasil que “o ano só começa
depois do Carnaval”. Pois aqui na Cinética resolvemos ser do contra
neste ano: às vésperas de completar 5 anos no ar, a revista trabalhou
nas últimas semanas para poder entrar na folia momesca com a sensação
de dever cumprido. Esta sensação vem, por um lado, da resolução
de algumas pendências, e por outro, da abertura de algumas portas
para o futuro – e não por acaso as duas pontas desse fio se misturam.
Começando pelo final, a atualização que a revista
coloca no ar neste começo de março traz a estréia em nossas páginas
de cinco novos colaboradores da Cinética, o que é um número nada
desprezível. O esforço da revista ao “recrutar” esse gás novo
é exatamente o de tentar oxigenar um pouco o seu processo, que
sempre corre o risco de engessar-se na medida em que os anos passam,
e em que os procedimentos se solidificam ao ponto de tornarem-se
rígidos demais. Além disso, os compromissos da vida real, fora
dessa bolha de dedicação voluntária ao pensamento audiovisual,
se revelavam cada vez mais prementes para boa parte de nossa redação,
fazendo com que a revista arfasse cada vez mais, buscando um ar
que já não vinha naturalmente. Que estes novos amigos (e outros
que ainda vão surgir em meses seguintes) possam, com suas jovens
idéias (e práticas), nos ajudar a reencontrar um pouco da nossa
identidade – não pela repetição, mas justamente pelo desejo de
confronto com o novo.
Parte do que desejamos conseguir cumprir com essas
adições é justamente dar conta do fardo semanal da cobertura dos
filmes em cartaz nos cinemas – já que, inegavelmente, esta é uma
das interfaces mais procuradas pelos leitores numa revista de
critica de cinema. Nesse sentido, é bastante auspicioso que nesta
atualização estejamos tirando nosso atraso com alguns filmes da
virada do ano aos quais ainda não tínhamos conseguido nos dedicar
(entre eles, títulos centrais como Além da Vida ou A
Rede Social), além de colocar em dia nossa atualidade do que
está sendo visto ns cinemas, com alguns filmes que certamente
os leitores virão procurar textos na revista, como Bravura
Indômita, Cisne Negro ou O Vencedor.
Mas, ao nos ajudarem a cumprir com estas pendências,
estes textos também têm um outro efeito, tão benéfico quanto:
liberar alguns dos redatores já mais “cansados de guerra” dessa
batalha da cobertura da máquina cotidiana do cinema, para que
possam se dedicar mais aos ensaios ou aos temas desligados de
qualquer pauta imediatista. Ao fazermos isso, queremos cada vez
mais ver a revista retomar sua vocação múltipla, que permita jogar
olhares os mais amplos e extemporâneos – que apontem tanto para
o futuro (como o recente ensaio sobre o “cinema pós-industrial”),
quanto se voltem sem pressa para um passado inspirador (caso da
retomada da seção “Emulando”, com dois textos sobre filmes filipinos,
e de um ensaio sobre São Paulo S.A. que entra no ar em
nossa próxima atualização).
Será só retomando essa liberdade para falar do
que quer que venha à mente (pois aos olhos e ouvidos) de cada
redator que a revista se completará em suas missões – sem com
isso precisar deixar de cumprir a importante resposta ao que o
leitor busca e quer ver na revista em relação àquilo que anda
experimentando nos cinemas. Esta será apenas a primeira novidade
de um ano que promete e se apresenta cheio delas aqui na revista.
E que esperamos dividir com o leitor enquanto vamos dobrando essa
marca do quinto aniversário, sabendo que, se ainda engatinhamos
um pouco, os primeiros passos mais firmes já podem ser dados.
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