Respostas à carta aberta à
organização da Mostra de SP
Menos de 24 horas depois da divulgação
da nossa carta aberta à Mostra de SP, onde mais do que tudo
revelávamos nossa tristeza pela falta de reconhecimento da
Mostra pelo trabalho da crítica de cinema independente e
reflexiva, começamos a receber cartas de apoio de vários
cineastas, produtores e personalidades do cinema brasileiro em geral.
Mais do que uma questão política, o essencial aqui
é o lado humano: a ducha de água fria que levamos
nos nossos ânimos no meio da batalha que é o exercício
desta crítica (e ainda mais no excesso de trabalho durante
os festivais de cinema), é recompensada agora pela confirmação
de que mais pessoas consideram nosso papel de alguma importância.
Aproveitamos para convidar os leitores que queiram se unir aos cineastas
e colegas de trabalho, para que mandem suas manifestações
e idéias para nosso email,
com cópia para a Mostra.
* * *
Caros editores,
Concordo plenamentre com o teor de sua carta. Acho um absurdo fazer
um festival de 400 filmes sem apoiar o trabalho dos críticos. Será
medo da opinião especializada ou apenas pãodurismo?
um abraço
Nelson Pereira dos Santos
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Prezados Senhores,
Nós da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas
– seção Rio de Janeiro, sempre acompanhamos a Mostra Internacional
de Cinema de São Paulo com muito carinho e admiração.
Por seu trabalho constante na promoção de um cinema à margem da
corrente principal - um cinema que seria indisponível para nós
outros, cinéfilos brasileiros, não existisse a Mostra - Leon Cakoff
sempre foi um ídolo nosso.
Por isso não poderia ser maior a nossa tristeza, ao saber que
revistas eletrônicas, de certa forma frutos do trabalho do próprio
Cakoff, tiveram seu acesso a Mostra restringido pela organização.
Ora, revistas como a Contracampo, Cinequanon e mais recentemente,
a Cinética, batalham no mesmo front que a Mostra. Representam
uma renovação bem-vinda de nossa crítica. E assim iluminam os
caminhos para muitos novos amantes do cinema que nascem todos
os dias.
Não faz sentido limitar o acesso desses críticos a Mostra. Vai
contra tudo que foi construído por vocês nesses 30 anos. A nós,
da ABD&C/RJ só cabe fazer este apelo. Que reconsiderem os
critérios de credenciamento e liberem o acesso das revistas a
toda programação da Mostra.
Atenciosamente,
Rodrigo Guéron
Presidente - ABD&C/RJ
* * *
Caros Leon e Eduardo,
Todos sabemos mas não custa afirmar mais uma vez que A Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo é de uma importância fundamental
para o nosso Cinema Brasiliero. Importante também é o trabalho
realizado pelas revistas Contracampo, Cinética e Cinequanon que
acompanho de perto. Por isso mesmo, acredito que irão chegar
a um entendimento para que nosso cinema fique cada vez mais
vigoroso, plural e reflexivo.
Grande Abraço,
Marcelo Gomes
* * *
Caro Leon e toda equipe da Mostra de São Paulo,
Na qualidade de cinéfilo e documentarista reconheço e admiro o
trabalho que toda a equipe da Mostra de São Paulo realiza desde
sua primeira edição.
Foram muitas as cinematografias, diretores e filmes que tive acesso
pela primeira vez através da Mostra de São Paulo. A Mostra é um
patrimônio da cidade de São Paulo e de todos os interessados em
ver e fazer um cinema de qualidade, comprometido, criativo e inteligente.
O episódio relacionado às credenciais das Revistas Cinequanon,
Contracampo e Cinética vai na contramão da trajetória da Mostra.
Sugiro que na próxima edição a organização do evento repense os
critérios que a nortearam na decisão de restringir as credenciais
das referidas Revistas e de outras comprometidas com a crítica
independente.
Abraço,
Bebeto Abrantes
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A Mostra de Sampa passou uma rasteira
no tripé que a sustentava: bons filmes, crítica e público. Será
que sem o "pé" da boa crítica, ela se segura?
Todo apoio à Cinética e à Contracampo.
Abraços cinéfilos,
Vinícius Reis – diretor e roteirista de cinema e TV
* * *
Amigos,
Podem contar com meu apoio total. Tenho acompanhado a Mostra de
São Paulo e escolhido os filmes através da Contrampo nos últimos
anos. Acompanhei o Festival do Rio, este ano, lendo a Cinética
e a Contracampo e a troca de idéias foi melhor ainda. O trabalho
de vcs é fundamental para mim, como cineasta, espectadora e crítica.
Que falta de noção dos produtores dessas mostras ... Como eles
estão distante do seu público.
Um abraço,
Rossana Foglia
* * *
Prezados editores,
Venho cerrar fileira com vocês, cuja crítica independente e inteligente
é de importância fundamental pra que nosso cinema não sucumba
aos ditames de uma mídia e de um sistema cada vez mais ferozmente
lacaio de modelos espúrios.
Admira que a Mostra de sampa, que sempre teve um referencial de
qualidade e independência, não se esteja mostrando sensível
ao mais que justo pleito de vocês, que representam o que há de
melhor na manutenção de uma resistência absolutamente necessária
e saneadora ao nosso cinema.
Quero ratificar minha solidariedade, contando que, por pouco que
represente, juntando-se à de muitos outros, cineastas
e afins da atividade, esta atitude possa servir de alerta à organização
da Mostra, de modo a que não se negligencie um trabalho tão relevante
como o de vocês, para favorecer o tal "entretenimento e da
banalização midiática" lacaios do modelo espúrio já referido.
Viva sempre o cinema! E que prevaleça o bom senso.
Um forte abraço a todos.
Saudações cinéfilas,
Edgard Navarro - cineasta
* * *
Aos organizadores da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,
O Congresso Brasileiro de Cinema, representando 54 entidades do
setor, vem por meio desta apoiar a manifestação dos editores e
redatores da Cinequanon.art e da Revista Cinética quanto às limitações
ao número de credenciais para profissionais vinculados a estes
veículos realizarem a cobertura da Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo. Acreditamos que essa restrição reduz o espaço
de reflexão sobre a realização cinematográfica, já tão limitado
em nosso país, prejudicando não apenas a cobertura do evento (com
danos para a própria imagem da Mostra, reconhecidamente um
dos mais importantes espaços de divulgação e reflexão cultural
em todo o Brasil, e para seu público), mas também o próprio cinema
brasileiro como um todo. Certos de contar com a vossa compreensão
sobre o fato, despedimo-nos com os mais altos votos de estima.
Atenciosamente,
Paulo Boccato
Presidente do Congresso Brasileiro de Cinema
* * *
Caros editores,
acho muito estranha essa limitação imposta pela Mostra ao trabalho
crítico de vocês da Cinética e do Cinequanon. Vai contra a lógica
de marketing do evento e fere o princípio da liberdade de imprensa,
pois nunca vi um evento fechar as portas para um trabalho crítico
que diz respeito, em última instância, à divulgação.
Se fosse um ato privado, uma exibição de cabine de um filme para
convidados, tudo bem, mas não é bem assim. No mínimo é uma falta
de delicadeza que poderia ser facilmente contornado.
Um grande abraço do Capô
(Maurice Capovilla)
***
Caros colegas da Mostra de São Paulo,
É com enorme indignação que recebo a notícia da
redução no credenciamento da jovem crítica no evento deste ano.
Este conjunto de pesquisadores e pensadores do cinema, agrupados
em sites como Contracampo, Cinequanon, Revista Cinética e outros,
representa hoje o que há de melhor na análise cinematográfica
contemporânea: independência, profundidade e espírito investigativo,
três qualidades que faltam enormemente, e de maneira infeliz,
aos críticos que não escrevem em veículos livres.
Um veículo pode ser chamado de independente quando seus artigos
não se pautam pelo monópolio de 2 ou 3 assessores de imprensa,
que sabemos dominar TODO o fluxo de informação da cidade; quando
os seus articulistas possuem liberdade para escrever o que bem
entender, sem ao menos especular a possibilidade de trocar esta
liberdade pelo prazer muito bem pago de, vez ou outra, "receber
um convite" para viajar às Bahamas ou algum outro paraíso
urbano ou natural para "cobrir" o elenco do próximo
blockbuster (a soldo das majors, bem sabemos); quando
consegue detectar personagens e movimentos que são invisíveis
para a grande mídia, pois esta resolve suas matérias no mais das
vezes apenas com um computador, um telefone e um DVD, quando sabemos
que crítica cultural séria tem que, além de freqüentar as salas,
galerias e teatros, sair para a rua.
Quantos grupos de teatro atuam em São Paulo e quantos aparecem
na grande mídia? Quantos cineastas? Músicos? Artistas plásticos?
Não serão senão os mesmos, sempre? Qual a contribuição que este
tipo de "crítica" pode nos dar? Enfim, se soubéssemos
como as salsichas, as leis e as críticas de jornal fossem feitas...
Diante disso, da incrível diferença entre o que podemos esperar
de um e outro espectro crítico, é lamentável que a Mostra este
ano tenha privilegiado a porção mais superficial, inconsistente
e, sobretudo, ultrapassada da chamada imprensa cultural. De um
evento que privilegia o cinema independente esperamos a coragem
do novo, e é assim que mantenho a fé de poder ler sobre a Mostra,
como faço todos os anos, num veículo livre de vícios, preconceito
e preguiça e pleno de liberdade, investigação e questionamento.
Desejo sabedoria e longa vida à Mostra Internacional de São Paulo!
saudações críticas
André Francioli
cineasta e cinéfilo
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Caros organizadores,
Na qualidade de cineasta e assiduo frequentador da Mostra, venho
por meio desta manifestar meu apoio aos esforços das revistas
eletrônicas Contracampo, Cinética e Cinequanon para cobrirem o
evento.
Nos tempos em que as criticas das midias impressas tornam-se cada
vez mais ligeiras, cabe a internet e, em especial a estas três
revistas, a tarefa de desenvolver um trabalho mais reflexivo e
elaborado, que parece-me em consonância com o perfil da mostra.
Cordialmente,
Philippe Barcinski
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Meus caros amigos,
Concordo plenamente com o que vocês colocam na sua carta. Basta
acompanhar o tipo de mídia que tem sido vista cobrindo a Mostra
para perceber que os lados "celebridades" e auê estão
contando muito mais que a reflexão sobre os filmes. Vou mandar
um e-mail à organização me colocando solidário a vocês. Infelizmente,
como vocês mesmos colocam, talvez não tenha grandes efeitos práticos.
Só torço para que isso não cause transtornos na sequencia do ótimo
trabalho que vocês estão desenvolvendo.
Um abraço,
Claudio Yosida (roteirista e cineasta)
editoria@revistacinetica.com.br
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