2008: foi dada a largada por
Cléber Eduardo e Eduardo Valente Ao longo
dos três primeiros meses do ano, a maioria dos textos sobre cinema na Cinética
tende a estar ainda dando conta daquilo que foi visto nas telas no ano anterior.
Não é por acaso que nossa retrospectiva costuma chegar quase a abril: ao mesmo
tempo em que não é fácil dar conta de tudo que se viu e se quis comentar, mas
não houve tempo, o fato é que o começo do ano, de uma forma ou de outra, ainda
existe sob a sombra do que veio antes. Seja os filmes que vimos nos festivais
brasileiros do final do ano, e que começam (ou não) a entrar em cartaz; seja os
filmes do Oscar, que dominam o circuito com filmes que estrearam ao longo do ano
anterior nos Estados Unidos – o fato é que os cinemas brasileiros nestes primeiros
meses do ano parecem sob o signo do que já se viu (e neste sentido parece quase
irônico que um dos grandes lançamentos destes meses tenha sido o de Serras
da Desordem, filme que já completava dois anos de sua primeira exibição pública
e ao qual voltamos em um novo texto).
Em termos de cinema brasileiro, a época também é de vacas
magras no que se refere aos filmes novos, pois entre o Festival do Rio e o de
Brasília a safra de estréias costuma se esgotar (exceções feitas a Tiradentes,
pelo menos em seu recorte mais “independente” na Mostra Aurora; e ao É Tudo Verdade,
na seara documental). Aliás, parece ter sido uma precisa ilustração desta tese
o recente CinePE, ao qual não estivemos presentes, mas de onde os relatos que
vieram reportavam mais sobre uma safra de filmes menos fortes – possivelmente
alguns dos recusados nos festivais do final do ano anterior – do que de um começo
de fato do ano que virá. Mas isso não se dá só no Brasil,
pois em termos internacionais também é maio o mês que começa a dar as cartas do
que será, historicamente, a safra de 2008 para o cinema mundial. É claro que nos
referimos ao Festival de Cannes, principal momento de encontro de realizadores
do mundo todo em torno do prazer de assistir filmes que, em sua maior parte, continuam
inéditos. É bem verdade que antes de Cannes há Sundance e Roterdã, abrindo o calendário
em janeiro, e há Berlim, em fevereiro. No entanto, nenhum dos três têm a influência
mundial do festival francês, ainda e disparado o mais importante do mundo (nesse
sentido, é um curioso exemplo que o Urso de Ouro deste ano em Berlim para Tropa
de Elite tenha vindo a premiar aquele que foi o fenômeno nas imagens cinematográficas
brasileiras de 2007). Não por acaso, pelo terceiro ano consecutivo,
maio será o mês em que as atenções dos leitores da Cinética se voltam para a cobertura de Cannes – aliás, também
não é por acaso que Cannes é a marca do aniversário da revista, que abriu suas
páginas em 2006 justamente com a primeira de nossas coberturas. Para nossa alegria,
porém, neste ano a cobertura do festival francês não fica sozinha e tem a companhia
de dois outros eventos que estréiam por aqui: pela primeira vez um redator da
revista pôde acompanhar parte do BAFICI,
evento que em seu décimo ano reforça cada vez mais seu papel central para o cinema
argentino; e acompanhamos de perto, ainda, o primeiro Riofan,
o Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro, que abriu suas portas com considerável
força. Com todos estas “viagens” pelo cinema, o leitor poderá perceber que, definitivamente,
2008 começou nos cinemas do mundo. Leia
também nossos editoriais anteriores.
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